Ontem, quem diria?, o antiamericanismo viveu o seu dia de glória na América Latina. E justo agora, quando Barack Hussein preside os EUA. Como sabemos, ele era o candidato dos antiamericanos do mundo inteiro, inclusive dos antiamericanos americanos.
Os EUA fizeram um novo acordo militar com a Colômbia para o uso de bases no país sul-americano. Hugo Chávez foi o primeiro a gritar. E, como sempre, Celso Amorim e Lula vieram atrás, batendo lata. Em visita ao Brasil, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, demonstrou discreto desconforto com o acordo. Também no país, o chanceler da Espanha, Miguel Ángel Moratinos, foi mais duro. Vai cobrar satisfações dos americanos… Huuummm… Vai ver ainda não se conformou com a independência da América Espanhola, né? E a imprensa brasileira não fez bonito neste particular.
O mundo não anda lá muito salubre, é verdade. Mas raramente vi a estupidez e o cinismo num abraço tão estreito. Que outros países da América do Sul, em especial o Brasil, cobrem informações, vá lá. É do jogo — embora, que fique claro, o acordo de cooperação militar da Colômbia seja feito com uma nação amiga do Brasil.
Asqueroso é o fato de Brasil, Chile, Espanha e imprensa terem praticamente ignorado o fato de que o Exército colombiano encontrou e apreendeu armamento da Venezuela em acampamentos das Farc. Na Folha, faz-se uma ligeira lembrança do caso. No Estadão, os verbos que relatam o assunto estão no futuro do pretérito.
E, no entanto, as armas foram encontradas e estão em poder do Exército colombiano. O governo da Suécia e a empresa daquele país que vendeu o armamento à Venezuela confirmam o achado. Mas não só isso. Não se fez menção no Brasil a e-mails que estavam no laptop de Raúl Reyes que relatam encontros de um líder terrorista com dois generais venezuelanos do círculo próximo a Chávez para tratar justamente do envio dos lança-foguetes… e dos foguetes. A reportagem, detalhada, está na revista SEMANA, da Colômbia. Publiquei uma tradução quase integral da reportagem na segunda-feira.
Nada! Lula, Bachelet (ela um pouco mais discreta), Celso Amorim (claro!) e Moratinos, o chanceler espanhol, preferiram secundar Chávez nas críticas à Colômbia. O governo de Álvaro Uribe cobra explicações da Venezuela há dois meses. E nada! Quando os colombianos tornam público o achado, o Bandoleiro de Caracas estrila, congela as relações comerciais, chama o embaixador de volta e ainda denuncia a… Colômbia!
Lula, para variar, discursa por todos os lados… "Posso dizer que a mim não me agrada mais uma base na Colômbia. Mas como eu não gostaria que o Uribe desse palpite nas coisas que eu faço no Brasil, eu prefiro não dar palpite nas coisas do Uribe". A fala é ambígua e, pra variar, pode significar qualquer coisa. O fato é que ele soltou as rédeas do assanhadíssimo Amorim, que, por sua vez, orientou Antonio Patriota, embaixador do Brasil em Washington, a cobrar do governo americano mais informações sobre o tal acordo.
O Brasil não pára por aí. Decidiu enviar Marco Aurélio Garcia, o Top, Top, para fazer a mediação entre Uribe e Chávez. Garcia? Um mediador tem de estar, literalmente, no meio. Quando a Colômbia foi caçar aqueles vagabundos na selva equatoriana, Garcia deu algumas entrevistas censurando, obviamente, a vítima: os colombianos. Indagado por um jornal francês se as Farc não são terroristas, afirmou que o Brasil declarava a sua neutralidade. Entenderam? Diante de um grupo que trafica cocaína, que seqüestra, que mantém campos de concentração, que mata, o Brasil é NEUTRO. Que mediador poderia ser melhor do que o Rei do Tártaro?
Lula, Bachelet e Chávez querem discutir o acordo no âmbito da tal Unasul, que é aquela espécie de OEA do B que o Brasil insistiu em criar — uma OEA sem os Estados Unidos! Ah, sim: o próximo presidente do grupo será o bolivariano Rafael Correa, que acoitou as Farc e teve a campanha financiada por elas. Vocês não acham que a Colômbia deveria realmente apostar todas as suas fichar numa entidade dirigida por um moralista como Correa?
Qual é a desculpa esfarrapada para a gritaria? Ao ampliarem a presença militar na Colômbia, os americanos estariam incentivando uma corrida armamentista na região! O argumento chega a dar nojo. Chávez celebrou há dias um acordo de cooperação militar com a Rússia. Ele não deu explicações a ninguém, e ninguém lhe cobrou coisa nenhuma, o Brasil muito menos. Quer dizer que, ao aumentar a presença militar em seu próprio continente, os EUA estariam incentivando a corrida armamentista, mas quando Rússia e Irã — sim, o Irã quase nuclear — celebram acordo com Chávez, isso é só matéria que diz respeito à autodeterminação dos povos? Lula aproveitou ainda para alimentar uma teoria conspiratória. Também se opõe à reativação da Quarta Frota americana, sugerindo que ela estaria interessada no petróleo do pré-sal. O dia ontem foi pródigo em asnices.
É espantoso que esse discurso ainda sobreviva na América Latina! Dá conta do nosso atraso. O risco é Barack Hussein recuar para que possam ter dele uma boa impressão. Vejam o homem aí abaixo cumprindo a sua primeira (e, até agora, única) promessa de campanha: tomar cerveja com um policial injustamente acusado de racismo e com um professor injustamente "acusado" de vítima.
Não precisamos mais ficar à espera dos bárbaros. Já chegaram.
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