Pode ser só coincidência, mas a polícia carioca, que não acredita em milagres, atribui ao fim do regime diferenciado em que era mantido o traficante Fernandinho Beira-Mar o reinício da guerra de quadrilhas nos morros do Rio. O bandido era guardado a sete chaves. Não tinha contato com outros presos. A ligação com o mundo exterior resumia-se a visitas agendadas de advogados e parentes. Nos dois casos, conversava no parlatório sob as vistas da guarda penitenciária.
Em maio passado, porém, Fernandinho recebeu as bençãos da Justiça. O prazo do isolamento venceu e o bandido voltou a receber visitas íntimas e a consultar seus advogados a qualquer hora. Só com as namoradas o traficante em cada encontro pode ficar até três horas no mais completo isolamento ("íntima", está lembrado?). Pois é, pombo-correio melhor nem existe. Sem botar na conta que visita íntima e contrabando de celular têm tudo a ver.
Restabelecida a comunicação permanente desse bom moço com os rapazes que cuidam dos negócios na ausência do chefe, está de volta aos morros da cidade a velha guerra pela expansão do território. Afinal, os domínios têm encolhido com as ocupações ainda tímidas de favelas pela PM. Isso está acontecendo sob a chancela da Justiça e vai continuar enquanto na interpretação da lei o direito do cndenado for sobreposto ao da sociedade.
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