Mal-estar, ardência e secura nos olhos, dor de cabeça, fadiga e gripes constantes. Se você apresenta esses sintomas com freqüência e o seu carro possui ar condicionado, ou mesmo um sistema de circulação de ar quente e frio, é aconselhável investigar as condições do aparelho e o estado do elemento filtrante. A manutenção pode estar sendo feita de maneira incorreta e o sistema de refrigeração servindo de veículo para a propagação de doenças. O sistema de ar condicionado do carro, quando está sem manutenção adequada, contribui para o surgimento ou agravamento de alergias respiratórias. Isso porque o filtro de ar desses aparelhos não está preparado para reter as micropartículas causadoras das doenças. O ar frio paralisa os cílios (pelos) que revestem as paredes do sistema respiratório e são encarregados de jogar para fora as impurezas que entram junto com o ar que respiramos. Assim, fungos, mofo, bactérias, vírus e ácaros permanecem no organismo livres para provocar doenças respiratórias de natureza alérgica. A Revista Meio Filtrante consultou dois especialistas no assunto, doutor José Carlos Abrunhosa, pneumologista do Hospital das Clínicas e doutor Ivan Negreto, médico infectologista do hospital Sírio Libanês, de São Paulo, que foram enfáticos em suas afirmações. "As doenças do aparelho respiratório mais comuns são sinusite, rinite, otite, amigdalite, faringite, bronquite, pneumonia, asma, gripes e resfriados. Gripes, por exemplo, baixam as defesas e favorecem infecções mais sérias, como a pneumonia", diz o doutor José Carlos Abrunhosa, pneumologista do Hospital das Clínicas. Com 52 anos de idade e 26 de profissão, o doutor Abrunhosa é radical: "Quem não cuida devidamente do ar condicionado do seu carro está colocando em risco a sua própria saúde e de todos aqueles que entram no seu veículo. E vale ressaltar que algumas doenças do sistema respiratório, como gripes e pneumonias são, na maioria dos casos virais e, portanto, transmissíveis. Um problema que começa dentro de um carro pode passar para toda a família", afirma. A contaminação causada pelo ar condicionado pode acontecer por duas vias diferentes, diz o doutor Abrunhosa: "Pelos agentes biológicos como fungos, bactérias e algas, bastante comuns devido à manutenção inadequada, ou pela temperatura e umidade desreguladas. A temperatura correta deve variar: nem muito fria, nem muito quente, mas normalmente ela fica quente ou fria demais porque o dono do carro não sabe manusear o aparelho corretamente ou, então, porque o projeto do ar condicionado foi mal elaborado". Portanto, segundo o médico, a manutenção de forma correta e constante é fundamental para manter o sistema de ar condicionado eficaz e seguro: "Seguir os padrões estabelecidos pelos fabricantes na troca do filtro é um bom início para evitar doenças e futuras dores de cabeça", assegura. Já o doutor Ivan Negreto, médico infectologista do hospital Sírio Libanês, complementa: "Por concentrar às vezes o mesmo número de pessoas que moram em uma casa (três por exemplo) num espaço bem menor, facilita o surgimento de doenças respiratórias. O ar condicionado do carro, sem manutenção, é um crime contra a saúde", afirma. "É preciso realmente ter muito cuidado. Um simples esquecimento na manutenção desse aparelho que visa somente o conforto e bem-estar, pode se transformar em um grave problema de saúde. Como diz o velho ditado: quem usa, cuida! E aqueles que possuem carros com ar condicionado devem fazer a manutenção periódica pelo seu próprio bem, e também dos familiares e amigos", afirma o doutor Ivan. O desenvolvimento dos filtros de cabine Denominação aplicada aos filtros encarregados de manter a pureza do ar tanto em veículos com sistema de ar condicionado, quanto por aqueles que só possuem circulação de ar quente e frio, os filtros de cabine evoluíram em ritmo acelerado desde sua criação na Alemanha. No início, a tônica principal era somente a retenção de pólen, muito frequente nas regiões européias. As vedações eram compostas por um material esponjoso que com o decorrer do tempo, se transformava em um criadouro de bactérias, proporcionando um aumento significativo de colônias: "Hoje existe a preocupação com a saúde dos usuários. No lugar da espuma foi colocada uma aba de poliéster e todos os componentes são sintéticos. Você consegue com a fibra sintética uma purificação muito maior, sendo retidas partículas menores que 1 mícron", afirma Edson Manzato, da Engenharia Avançada da Tecfil, especializada em filtros automotivos. Ele explica, ao lado de Roberto Rualonga, gerente de assistência técnica da empresa, que odores ou a perda de eficiência (quando o ar deixa de circular) são os indicativos mais precisos da necessidade da troca do filtro: "Este é, na realidade, o momento ideal para trocar o filtro e manter a segurança do motorista e da sua família. Recomendamos que a troca, em média, deva acontecer entre seis meses e um ano, ou entre 15 e 30 mil quilômetros de uso", explica Edson Manzato. Mas existem muitos fatores que podem afetar a eficiência do filtro e reduzir o tempo de troca, como preconiza a própria OMS (Organização Mundial de Saúde): "Excesso de terra, umidade e fuligem (fumaça que nas grandes cidades apresenta partículas de gordura), têm um poder de saturação dez vezes maior. Cem gramas de fuligem, por exemplo, equivalem a 1 quilo de pó. Isso pode impactar a troca e fazer com que ela seja necessária até trimestralmente", diz Edson. O gerente de assistência técnica da Tecfil, Roberto Rualonga, explica que há dois tipos de filtros para cabine: com e sem carvão ativado. Aqueles que possuem o carvão são mais eficientes e podem filtrar, além dos gases, elementos orgânicos, inorgânicos e inibir os odores ruins: "Os odores externos são menos intensos. Você pode estar em um congestionamento na Marginal do Tietê - SP, mas vai se sentir bem melhor dentro do carro." Além da troca do filtro, os profissionais explicam que é importante a higienização que pode ser realizada de diversas formas, entre as quais spray nebulizador, aparelho de oxi-sanitização - tecnologia limpa, que higieniza o veículo em apenas 30 minutos sem a adição de produtos químicos - ou utilizando sistema de circulação de ar-quente. "É sempre bom remover o filtro sujo, ligar o motor (e sair do carro, obviamente), acionar o ar quente e deixá-lo funcionando por cinco minutos. Isso vai higienizar toda a tubulação. Uma coisa que não deve ser feita, em nenhuma hipótese, é jogar um produto higienizador diretamente sobre o filtro", afirma Edson Manzato. Responsável pelo ar que você respira Gilberto Carlos Gonçalves, gerente de Vendas da Filtros Mil, comenta: "O carro pode ser um foco de doenças respiratórias pela falta da troca periódica do filtro de cabine, onde se acumulam sujeiras tais como fuligem, folhas, insetos, poeira, fumaça, fungos, bactérias e contaminantes em geral, que causam a restrição da entrada de ar para dentro do veículo, dando a sensação de ar saturado, pesado, além do mau cheiro", explica. Gilberto aconselha uma revisão periódica, no mínimo a cada seis meses: "Em cidades com grande concentração urbana e altos índices de poluição, o tempo pode ser ainda menor". Planta brotando no filtro Para Marcello Vinícius Bernardini, com 10 de experiência na área de filtros automotivos, onde atua hoje como consultor, a manutenção é tudo para preservar a saúde: "Na região da Grande São Paulo e nas grandes capitais brasileiras, o filtro do ar condicionado deve ser trocado de três em três meses, principalmente em função da concentração de poluição gerada pelos próprios veículos. Com a troca deve ser feita a nebulização com um gás bactericida, que aniquila principalmente fungos e ácaros", esclarece. Com passagem por empresas como Tecfil e Filtros Mil, Marcello garante que já viu casos que são de cair o queixo: "Uma vez, o proprietário de um Vectra 96 me procurou. O carro era de dono único e tinha dez anos de uso. Mas ele nunca tinha ouvido falar em filtro de cabine. Foram 10 anos sem troca ou qualquer tipo de manutenção. A peça estava pesando 720 gramas (normalmente tem 90 gramas) e havia uma planta brotando na terra vermelha acumulada pelo filtro. Ele transitava pela região de Londrina (norte do Paraná), o que facilitou a polinização. E a planta estava lá. Foi inacreditável", afirma. A chegada ao Brasil Os filtros de cabine começaram a ser produzidos no Brasil em meados da década de 1990. Pioneira no mercado, a Freudenberg, através da marca MicronAir, passou a atuar desde o ano passado também no mercado de reposição, contratando Luciano Ponzio da Silva, profissional especialista nesse segmento, visando estreitar o vínculo com seus parceiros por meio de palestras, treinamentos e campanhas. Há três anos neste mercado, a Tecfil iniciou em fevereiro sua própria linha de produção. "Nossa capacidade na área é tão grande, que mandamos os produtos para serem testados na Alemanha (onde os chamados filtros de pólen surgiram). São testes de performance que duram mais de seis meses", diz Edson. Mercado em crescimento "O conceito começou a crescer mesmo nos últimos três anos. Antes disso era um nicho ainda desconhecido. É um grande mercado a ser explorado e a importância da troca periódica tem ganho mais ênfase através de nossos treinamentos para conscientização. Iniciamos a produção própria este ano e já superamos nossa média de vendas de 2007 em mais de 15%. Isso é apenas o início de uma longa trajetória. Iremos crescer muito mais devido a nossa força de vendas e prestação de serviço". As informações são de Fábio Bertini Mondevaim, gerente regional de vendas da Tecfil. E acrescenta: "No ano passado, importamos as linhas de produção dessa família de itens, onde passamos a desenvolver novos produtos. Ganhamos, obviamente, vantagem competitiva em relação aos custos anteriores, com foco na excelência de entrega e padrão de qualidade. Hoje temos uma linha estruturada com capacidade produtiva apta a atender o mercado nacional. A novidade fica por conta dos investimentos, que continuarão." Já a Freudenberg estima fechar o ano com um crescimento de 20% em relação a 2008, somente para o mercado de reposição. Luciano esclarece que atualmente, do total da frota brasileira, apenas 26% dos veículos possuem filtro de cabine e 3,6% costumam trocar o filtro regularmente. Por esse motivo, ainda existe um grande mercado a ser explorado. Marketing em alta Simone Minhoto Queiroz, analista de marketing da Tecfil, está muito otimista com as projeções de crescimento dos filtros de cabine para o mercado nacional: "No lançamento, fizemos uma campanha de pontos junto aos nossos distribuidores. Conforme a compra, o distribuidor acumula pontos que podem ser trocados por brindes. Essa contabilidade é bimestral e a campanha tem sido um sucesso", diz. "O mercado está começando a tomar consciência da necessidade deste tipo de filtro. E nós estamos prontos para oferecer e abastecer esse mercado com nossos filtros, que são sinônimos de qualidade em todos os elos da cadeia automotiva (distribuidores, autopeças, trocas de óleo, consumidores)", complementa. Também incrementando suas ações junto ao mercado, a MicronAir (Freudenberg) lançará ainda este ano, um DVD explicativo com mais de 120 trocas de filtros filmadas, para explicar detalhes e revelar segredos importantes para o bom desempenho e utilização dos filtros.
Um pouco da história
Os filtros de cabine foram criados na Alemanha, pela Freudenberg, com a marca mundial MicronAir, a pedido da BMW. Nesta época, houve uma combinação de fatores climáticos que culminou com uma polinização excessiva, liberando no ambiente uma quantidade muito alta destas partículas que são especialmente nocivas ao sistema respiratório humano. Houve uma avalanche de pessoas com problemas respiratórios indo aos hospitais. Daí nasceu o nome do produto na Europa: filtro de pólen. | Os fabricantes no Brasil Freudenberg - Jacareí – SP (MicronAir) Iniciou sua produção em 1998, em função de um contrato firmado pela sede na Alemanha com montadoras com filiais no Brasil: VW, Ford, GM e Fiat. Naquela época, importava o poliéster de sua matriz, recortava o material em serras de fita e montava os filtros, com poucos modelos. Ainda atua fortemente neste mercado com as montadoras e também é fabricante das marcas MicronAir, Corteco, Clean Air, e para outras empresas através do sistema de Marcas Privadas (Private Label). Filtros Mil - M.S.B. Ind. e Com. de Ltda. - Araucária - PR Pioneira na fabricação 100% nacional de filtros veiculares, iniciou sua produção em 2002 e liderou o mercado até 2006, com boa qualidade e linha completa de modelos. Idelbrás Ind. e Com. de Filtros Ltda. – Curitiba - PR No segmento desde 2006, possui linha flexível, de alta produtividade, com mais de 100 modelos e políticas comerciais atraentes. Primeira a desenvolver filtros para veículos que não possuem receptáculo para receber o filtro de cabine, como por exemplo o VW Santana e Ford Versailles, Honda Fit e Civic (até 2007), Toyota Corolla (até 2006), Renault Scénic, Clio, Sandero e Logan, entre outros. Indústria de Autopeças SCHUCK – São Leopoldo – RS Antiga fabricante de filtros blindados para combustível, entrou no mercado em 2004 com poucos modelos. Aos poucos foi se adequando às necessidades de mercado e hoje atua bem no Sul do Brasil. Tecfil – Sofape – Guarulhos – SP Iniciou a produção interna este ano. Está em processo acelerado no desenvolvimento de novos itens, marcas Tecfil e Vox. A SOFAPE já está homologada para fornecimento em diversas montadoras. Os Filtros TECFIL são fabricados em linhas automatizadas, garantindo maior precisão na produção dos itens. São utilizados no processo de fabricação, materiais que atendem os requisitos das montadoras. Atua em todo território nacional.
Tempo de troca A troca do filtro de cabine deve, de preferência, ser feita em uma oficina especializada. Mas o procedimento em alguns veículos é relativamente simples e hoje já existem mecânicos e até mesmo postos de gasolina que executam o serviço com eficiência. As montadoras estão cada vez mais preocupadas com o bem-estar e a segurança dos passageiros, simplificando assim seus projetos para atenderem as necessidades dos filtros de cabine. Como exemplo, em alguns modelos de veículos as trocas são realizadas em até cinco minutos. Entre eles, estão o Audi A3; o Citroen Picasso; Fiat Brava, Marea, Weekend; Ford Courier e Fiesta (1996 a 2001); GM Astra até 1996, Corsa novo, Vectra e Montana; Peugeot 206 e 307; e o Volkswagen Bora, Gol, Parati, Golf, Saveiro e Passat. Outros veículos podem demorar de 5 a 10 minutos. São eles: Fiat Doblô, Ducato, Palio e Stilo; Ford Focus, Ka e Mondeo; GM Calibra, Corsa (até 2001), Celta; Honda Civic; e Volkswagen Fox, Passat e Polo (novo).
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Vicente de Aquino | |
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