Vejo lá e ponho aqui

sábado, 1 de agosto de 2009

Em segundos, cruzamos o rio Jordão

Os descendentes de libaneses com famílias oriundas do vale do Beqaa cresceram ouvindo maravilhas do rio Bardauni. Um lugar onde as famílias de Zahle e da região se reúnem aos domingos para almoçar, na beira do rio, e depois passeiam tomando sorvete pelas ruas da cidade conhecida como "noiva do Beqaa", onde a principal via se chama "avenida Brasil", em homenagem aos milhares de emigrantes que deixaram Beirute em direção ao porto de Santos.

Mais famoso, o rio Jordão está na mente de todos os que já estudaram um pouco sobre o cristianismo ou os conflitos na região. Lugar dos primeiros batismos de cristãos, conforme vimos na semana passada, o rio também serve de fronteira entre a Jordânia e os territórios palestinos e Israel. Notem que o nome Jordânia é derivado do rio. Cisjordânia é o lado de cá. Transjordânia, o de lá. Mais ou menos como a Província Cisplatina (rio da Prata), que culminou no Uruguai. Em inglês, West Bank (margem ocidental) e East Bank (margem oriental). O rio conseguiu superar Judéia e Samaria, nomes bíblicos do território, como designação internacional.

Quem não conhece, deve imaginar um rio grandioso. Pelo menos, eu pensava assim. Até, em 1997, ao viajar com toda a família pelo Oriente Médio. Eu, meus pais e meus irmãos pegamos um táxi em Amã para nos levar até a fronteira. Lá, fomos colocados em um ônibus depois de realizar os trâmites na imigração jordaniana e seguirmos para o lado israelense.

Neste momento, ansiosos, eu e meus irmãos prestamos atenção para saber quando cruzaríamos a ponte Alemby (também conhecida como rei Hussein pelos jordanianos e Al Karameh, pelos palestinos), sobre o rio Jordão. Vimos um riacho, mas imaginamos que fosse um afluente, porque demorou alguns segundos para cruzar. Nada disso. Era mesmo o rio Jordão. Minúsculo. Bem menor – e infinitamente mais bonito – do que o Tietê no trecho que cruza São Paulo.

O Bardauni, em Zahle, é menor ainda. Tem seu charme, com as águas caudalosas. Mais do que isso, ele cruza os restaurantes em meio a cascatas que se misturam à arquitetura e o almoço ocorre com o barulho de cachoeira. Mas está longe de ter a magia que tanto encanta os descendentes de libaneses ao escutarem as histórias de seus avôs e avós.

Claro, o Oriente Médio também possui o rio Nilo, que mesmo dentro do Cairo fascina, com os barcos levando casais e famílias egípcias para dançar ao longo do verão enquanto a temperatura cai na hora do pôr do sol. O Iraque, que aos poucos tenta se reerguer, possui dois – o Tigre e o Eufrates. Mas hoje o tema são os rios pequenos, não os grandes.

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