Leiam o que vai na Folha Online. Comento em seguida:
Lula ainda criticou a programação da televisão brasileira durante participação em um ato cívico religioso pelo sesquicentenário da Igreja Presbiteriana do Brasil, no Rio de Janeiro.
Segundo o presidente, o baixo nível dos programas apresentados contribui para a "degradação da estrutura familiar", que o petista tachou como um problema crônico que acontece há séculos e é mais grave que questões econômicas e sociais.
"Precisamos parar com hipocrisia e falar a verdade. Quantos momentos de ensinamentos que se tem na televisão nacional e importada? Temos que fazer uma aferição disso."
Lula acrescentou que o número de filmes de violência exibidos diariamente é bem superior aos que tratam de temas como integração familiar, amor e paz.
O presidente defendeu que toda criança tenha formação religiosa. Para ele, a religião pode manter os jovens longe da violência e delinqüência. "Com mais religião, o mundo seria menos violento e com muito mais paz."
Comento
Se o Brasil obedecesse a algumas clivagens, vá lá, ideológicas típicas de um debate civilizado, eu não teria dúvida em classificar as minhas escolhas o meu próprio pensamento como "conservadores". No Brasil, vive-se uma esculhambação dos diabos. Notórios reacionários, patrimonialistas empedernidos, o que pode haver de social e ideologicamente mais atrasado, toda essa gente está hoje com o lulismo. Como estão também rematados "dinheiristas". Lula rende dinheiro? Se rende, essa gente não está nem aí para os valores, os outros.
Por que essa conversa? Alguns que também se querem "conservadores" endossariam essa conversa mole de Lula, que não deixa de ser fração de sua permanente disposição de atacar a "mídia". Geralmente, quando eles falam em "mídia", estão se referindo ao jornalismo, à imprensa. Mas podem, como faz Lula, enroscar também com a TV entendida como entretenimento. Seguindo o pensamento do reacionário mais cretino ou do comunista mais ortodoxo (não há grande diferença entre uma coisa e outra), Lula dá a entender que uma TV que só desse bons exemplos criaria, necessariamente, cidadãos melhores. O padrão seria mais ou menos a TV oficial da antiga URSS ou dos países da antes chamada Cortina de Ferro. Ou, ainda, a bobajada sem público, feita para ninguém, da Lula News, o brinquedinho caro de Franklin Martins.
O telespectador sabe distinguir muito bem realidade de ficção. Ninguém sai por aí fazendo bobagem porque, sei lá, viu na televisão. Uma novela em que os maus triunfassem não tornaria pior o caráter do brasileiro. O nosso problema, em suma, não está na ficção, mas na realidade.
Pornográfico, degradante, desmoralizante, vulgar, asqueroso, nojento mesmo é, por exemplo, o apoio incondicional de Lula a Renan Calheiros. Isso, sim, faz mal ao caráter do brasileiro. E nada tem a ver com a televisão. Ela não pode responder por isso. O sucesso do próprio Lula não deixa de corromper a boa educação do brasileiro: é um sinal de que, como ele próprio diz, a bravata é eficaz.
Eu também acho que os valores da família são fundamentais. Cumpre verificar se os ministros de Lula que cuidam da área estão fazendo a sua parte. Não seria difícil provar que não. Mas deixo isso para outra hora. Relevante agora é lembrar que o presidente, volta e meia, trata os brasileiros como seus "filhos". Seríamos, então, uma grande família. E Lula decidiu ser o nosso pai exemplar associando-se a Sarney e a Renan.
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