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quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Demissão em massa no Diário de S. Paulo

http://www.botecosujo.com/2009/10/traffic-prepara-demissao-em-massa-no.html


O grupo Traffic, do cartola J. Havilla, que anunciou na semana passada a compra do Diário de S. Paulo, pretende demitir os 380 funcionários do jornal até o final do mês. Muitos devem ser recontratados em seguida, mas ninguém sabe exatamente como isso será feito.

Pelo que se comenta, a demissão em massa faria parte do acordo de venda acertado entre a Traffic e a Infoglobo, antiga dona do Diário. Graças ao megapassaralho, o império J. Havilla poderia herdar o Diário de S. Paulo sem se preocupar com dividas trabalhistas, que seriam todas assumidas pela Globo. O risco é os novos patrões resolverem recontratar os demitidos por salários mais baixos ou mesmo cortar parte dos direitos trabalhistas, na base do "é pegar ou largar".

E o Sindicato dos Jornalistas? Até agora não se manifestou.

Tudo está sendo feito da maneira nebulosa que caracteriza o procedimento dos grupos de mídia no Brasil, que adoram defender a própria liberdade de expressão e cobrar transparência dos outros, mas preferem agir nas sombras quando se trata dos seus negócios. A demissão em massa não foi assumida publicamente pelas empresas e não consta de nenhuma das notícias publicadas sobre o negócio, as quais se limitaram a apontar o papel estratégico da compra do Diário para ampliar o alcance da rede Bom Dia — braço impresso do império Traffic, que já controla nove jornais no estado de São Paulo.

E o leitor, como fica? Melhor não esperar muito. No geral, a expansão dos monopólios de mídia só faz piorar o jornalismo, deixando todos os veículos com a mesma cara fast-food. Desaparece a apuração de conteúdo próprio e pipocam os veículos que reciclam as informações produzidas por um núcleo cada vez menor de profissionais.

Embora continue a ser um bom jornal, com uma equipe excepcional, o Diário Popular piorou em muitos pontos após ser comprado pela Globo, em 2001, e se transformar em Diário de S. Paulo. A revista Já, que acompanhava o jornal, por exemplo, deixou de publicar suas próprias matérias e passou a reproduzir apenas material enviado pelo Globo. O leitor, que não é bobo como a gente pensa, percebeu isso e as vendas caíram.

As perspectivas do jornalismo para o Diário com a Traffic também não são as melhores. O modelo consagrado pelo Bom Dia é o que o "brasileiro iluminado" (segundo Milton Neves...) J. Havilla chama de "jornalismo da era da internet", que se traduz em matérias curtas e de apuração ligeira. Será que o leitor vai pagar para ler em papel e tinta o mesmo tipo de informação rasa que ele encontra de graça na Web? Sei lá. Como diria um antigo ícone do Diário Popular, "acabou, mano, acabou".

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