Mídia : Foreign Policy
Data : 23/12/2009
O Eixo Naval Pequim-Brasil
Por Joshua E. Keating – Dezembro 2009
Desde que a China não tão secretamente comprou vários antigos navios-aeródromos soviéticos durante os anos 90, seus ambiciosos planos navais têm sido objeto de uma especulação febril por parte de analistas militares.
Em março, o ministro da Defesa chinês, Liang Guanglie, confirmou que o país planeja embarcar em um grande programa de construção de navios-aeródromos, por ter dito ao seu homólogo japonês "Precisamos desenvolver um navio-aeródromo".
O Pentágono considera que o Exército de Libertação do Povo – Marinha (People's Liberation Army Navy – PLAN) poderia ter múltiplos NAes em operação dentro de uma década, com os custos de construção provavelmente indo a bilhões de dólares.
Sem experiência em aviação naval, a China precisaria apressar a capacitação de seus marinheiros e pilotos para responder a este calendário – e isso significa encontrar um navio-aeródromo já operacional para treinar.
O problema é que apenas quatro países ainda operam navios-aeródromos capazes de lançar aeronaves convencionais.
Os Estados Unidos têm pouco interesse em ajudar os militares chineses, a França está proibida de fazê-lo por um embargo da União Europeia, e a Rússia recentemente passou a ser mais cuidadosa na cooperação militar com o seu poderoso vizinho do sul.
Isso deixa o Brasil, que ficou muito feliz em permitir que a PLAN treine oficiais a bordo de seu NAe de 52 anos, o São Paulo (que foi comprado da França em 2000).
O ministro da Defesa brasileiro, Nelson Jobim, revelou o programa em uma entrevista a um site brasileiro de defesa, em maio. Embora os termos exatos do negócio sejam desconhecidos, é sabido que os chineses poderiam estar financiando uma restauração do velho São Paulo em troca do programa de treinamento.
Um site naval chinês também sugeriu que a China poderia estar ajudando o Brasil a construir submarinos nucleares, e o próprio Jobim disse que esperava que o programa levaria à cooperação militar em outras áreas.
Os Estados Unidos têm sido por muito tempo o poder naval dominante no leste da Ásia, mas navios chineses têm sido recentemente mais ousados e têm confrontado navios americanos, lançando desafios legais pelos quais Pequim demonstra ver como intrusões ilegais em águas chinesas.
Com a China e a Índia passando por enorme crescimento militar – os indianos trabalham em um plano para converter um NAe russo para seu próprio uso – a supremacia naval americana na região pode escorregar.
Publicamente, a US Navy sustenta que um navio-aeródromo chinês não iria afetar o equilíbrio de poder militar na região, mas este ano, o relatório anual do Pentágono sobre as capacidades militares da China adverte que a campanha de modernização do país poderia "aumentar as opções de Pequim para coerção militar".
Tradução de Roberto Silva para o DEFESA BR
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