Não deu certo nem tinha como dar certo.
Na entrevista coletiva, Dunga fez bem em não jogar nas costas de Felipe Melo a inteira responsabilidade pela derrota. Afinal, o responsável maior é quem fez do rapaz uma das peças-chave (Deus do céu!) da Seleção… Mas, acreditem!, Dunga não repreendeu o rapaz, nem indiretamente, pelo comportamento abominável em campo. Nada! Ele deve ser realmente amado pelos atletas. Gente como Dunga é perigosa na chefia porque acaba convencendo os demais de sua loucura.
É a sua noção de “grupo”, de “comunidade fechada”. Dunga parece um daqueles militares de filme B americano, notáveis por sua brutalidade, por sua agressividade, por seu temperamento irascível, mas capazes de tudo para defender seus subordinados, mesmo os que cometem crimes. Nem o mago Zidane tinha o direito de dar uma cabeçada num notório provocador — naquele jogo ao menos. Mas dele se pode dizer ainda hoje: “Apesar daquela bobagem e da derrota da França para a Itália, era um craque”. Mas o que dizer de Felipe Melo? Como justificá-lo?
Reproduzi aqui sua fala absurda, fazendo-se de desentendido, como se não soubesse por que foi expulso. O Jornal da Globo exibiu alguns segundos a mais, definitivos para a gente entender o que aconteceu. Justificando o seu pisão, o brucutu afirmou que a evidência de que não fora tão forte estava no fato de que o holandês voltou a jogar. E completou: “Tenho força para quebrar a perna dele”.
Na cabeça de Felipe Melo, que parece incompatível com seu vigor físico, cartão vermelho é para quem quebra a perna do adversário. Mas Dunga, um homem sério, diz nunca ter visto uma seleção disciplinada como essa. E continua fiel à sua equipe porque confunde estupidez com honra.
Dunga é um homem patético. Converteu a disciplina, que é um meio, num fim. E, quando o meio se transforma numa finalidade, perde-se o objeto e o objetivo. Se ele estivesse certo, o confinamento faria os Pelés e os Maradonas. Como está errado, ainda que dispusesse de Pelés e Maradonas, ele os transformaria a todos em Felipes Melos… Até Kaká aprendeu a usar o cotovelo, já que não tinha bola no pé.
No fim das contas, não é que ele seja um homem excessivamente honrado. Ele só é uma pessoa com pouca imaginação.
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