Incêndio em barracos sob viaduto no Rio: "RIO - O incêndio que destruiu nesta sexta-feira 25 barracos da Favela Dois de Maio, em Sampaio, mostrou que, assim como as comunidades nos morros, as existentes embaixo de viadutos também ocupam áreas de risco. Diferentemente do que ocorre nas encostas da cidade, onde os imóveis geralmente são de alvenaria, nas favelas sob viadutos as casas costumam ser de material mais inflamável, como madeira e papelão, tornando esses lugares verdadeiros barris de pólvora, prontos para explodir. Em Sampaio, não houve mortos ou feridos, mas 250 famílias ficaram desabrigadas, porque a prefeitura decidiu remover todos os imóveis do local. Os moradores foram levados para um abrigo e receberão ajuda para ter uma nova moradia.
O prefeito Eduardo Paes disse que o município ainda não tem um levantamento do número de comunidades existentes debaixo de viadutos, mas que esse estudo está sendo feito e deverá ficar pronto em seis meses:
- Essa ocupação embaixo do viaduto já estava na nossa lista de prioridades. Era também o caso de Curicica (onde anteontem houve um desabamento que matou quatro moradores). As pessoas já tinham sido notificadas, já se discutia a questão do aluguel social.
O incêndio na Favela Dois de Maio, situada embaixo do Viaduto Procurador José Alves de Morais, que dá acesso ao Túnel Noel Rosa, começou por volta das 8h. Bombeiros ainda não sabem o que causou o problema. No entanto, segundo um morador que não quis se identificar e disse ser eletricista, o fogo provavelmente foi provocado por um curto-circuito, devido aos muitos 'gatos' de luz existentes. Outros moradores disseram ter ouvido a explosão de um botijão de gás. As chamas se alastraram rapidamente pelos barracos, muitos de madeira. Para combatê-las, bombeiros levaram cerca de quatro horas.
Moradores fazem críticas à prefeitura
Revoltados, moradores disseram que a prefeitura já havia prometido removê-los em abril de 2007, quando houve outro incêndio na favela. Mãe de seis filhos, a faxineira Susana Fernandes, de 39 anos, há 18 na comunidade, perdeu tudo. Ela já tinha ficado desabrigada em 2007. Susana contou que só conseguiu salvar um papel timbrado da prefeitura, comprovando que seu imóvel havia sido cadastrado.
- A gente trabalha tanto... Aí vem um incêndio e tira o pouco que a gente tem. Na época do outro incêndio, a prefeitura esteve aqui, nos cadastrou e nos deu um papel, prometendo casa para todo mundo. Até hoje, não fez nada - reclamou.
Taís Fernandes, de 23 anos, filha de Susana, que morava num barraco vizinho ao da mãe, estava dormindo na hora do incêndio.
- Quase morri. Minha casa é metade de madeira e metade de concreto. Eu estava dormindo no quarto. Acordei com a fumaça que vinha do meu guarda-roupa, que já estava todo queimado, e com um bombeiro me chamando - contou.
A desempregada Elaine Cristina de Jesus, de 22 anos, mãe de gêmeos, passou a manhã chorando, olhando para os escombros:
- Eu estava dormindo na hora com meus dois filhos e só ouvi um estrondo. Saímos correndo e depois meu botijão de gás explodiu.
A agente fazendária Elizabeth Correia, de 54 anos, também chorou ao chegar ao local. Ela faz um trabalho voluntário na comunidade e foi chamada em casa por moradores.
- São pessoas honestas, trabalhadoras, que precisam da ajuda do poder público. Nós fazemos o que podemos, doando cestas básicas, mas a prefeitura precisa retirá-las daqui.
Espaço será transformado em depósito da Comlurb
A prefeitura decidiu retirar todos os 250 barracos da Favela Dois de Maio e improvisou um abrigo para os moradores na Vila Olímpica de Sampaio. As famílias receberão, a partir deste sábado, R$ 400 mensais, por tempo indeterminado, de aluguel social, até serem incluídas no programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, para conseguirem nova moradia. Com duas retroescavadeiras, o município já começou a derrubar os barracos. O trabalho deve ser concluído em uma semana. Para evitar nova ocupação, o espaço será transformado em depósito da Comlurb.
Segundo o subprefeito da Zona Norte, André dos Santos, a retirada da favela já estava num programa da prefeitura de remoção de construções ilegais. Ele disse que a Dois de Maio seria a última de sete favelas. Até o momento, só foi removida a Serra do Sol, que ficava às margens da Avenida Brasil, em Santa Cruz.
De acordo com a Secretaria municipal de Obras, o incêndio atingiu significativamente a parede de contenção (um muro entre os pilares), os pilares e parte do tabuleiro (estrutura sob o piso) do viaduto. Os trabalhos de recuperação começarão a ser feitos neste sábado e ainda não há prazo para conclusão. Ficaram fechados ontem os acessos da Avenida Marechal Rodon para o Túnel Noel Rosa e para o Jacaré. As pistas do túnel também foram fechadas. O trânsito deve ser liberado neste sábado, nos dois sentidos, mas apenas para automóveis e motocicletas.
Na mesma região, há outra comunidade, já no bairro do Jacaré, com barracos embaixo do Viaduto Procurador José Alves de Morais.
Na Mangueira, o risco é o mesmo. Sob o Viaduto Agenor de Oliveira (Cartola), podem ser vistos barracos, muitos de madeira. A favela já foi removida pela prefeitura em 2001, mas voltou a crescer rapidamente. No local, há um portão, como se fosse um condomínio. Cartazes nas paredes anunciam a venda de barracos. A Mangueira está na pauta da prefeitura e do governo do estado para receber um amplo projeto de reurbanização, que prevê a integração da comunidade com o estádio do Maracanã - palco da final da Copa de 2014 e das cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos de 2016 -, com a Uerj, o Hospital Pedro Ernesto, a Quinta da Boa Vista, o Jardim Zoológico e a calçada musical de Vila Isabel. Os recursos viriam do governo federal, por intermédio do PAC. (*)
(*) Normalmente eu deveria ficar feliz quando vejo favelas serem destruídas, especialmente quando não envolve a morte de inocentes, mas é lamentável em todos os sentidos a postura da Prefeitura do Rio em lidar com tais acontecimentos. Primeiramente, porque é omissa em permitir a ocupação ilegal do solo urbano, onde o mais desfavorecido acaba sendo o cidadão honesto, que deve sustentar essa escória de delinqüentes que vive de furtá-lo, seja com ligações clandestinas de luz, seja com seus prejuízos pessoais, tendo que arcar com aluguel social com o dinheiro de seus tributos. Vejamos a lógica injusta das coisas: vão uns vermes que só sabem fabricar filho de forma irresponsável e fazem um barraco sob um viaduto, não pagam um mísero imposto sobre o terreno em que ocupam, contribuem para poluição visual da cidade e desvalorização do imóvel alheio, e ainda fazem 'gatos' de luz onerando a conta da fatia onesta da população. O barraco vai, pega fogo e os sem-vergonhas ainda têm a cara-de-pau de reclamar do governo, exigindo dele um aluguel social para custear suas irresponsabildade e ilegalidades. Trata-se de um verdadeiro estelionato moral. Ou seja, para o pobre sem-vergonha, o favelado safado, é um grande negócio montar um barraco, botar fogo nele e depois reclamar do governo aluguel social. Curioso que o mesmo não aconteceria com o cidadão honesto, que pagou pelo seu imóvel, paga IPTU, luz, taxa de incêndio, entre outras despesas, pois se sua casa ou seu apartamento pegasse fogo, teria que ter a sorte de ter feito um seguro, pois de modo algum iria ser ajudado por este mesmo governo com um aluguel social. O que acontece é um tratamento absolutamente desigual para os supostamente iguais. Enquanto o honesto é sacaneado, o desonesto é premiado. Por quê? Porque o desonesto fabrica filhos a granel e passa a ser uma fábrica de voto para aqueles que estão no poder. É uma situação revoltante! E tem sujeito que ainda fala que em favelas mora gente honesta. Gente honesta é uma ova!"
Vejo lá e ponho aqui
domingo, 30 de maio de 2010
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